terça-feira, 18 de junho de 2013

Pulmão de Aço - Eliana Zagui - Ed. Belaletra Editora


Uma bela noite, meu marido chegou em casa super emocionado, dizendo que tinha visto uma reportagem na internet sobre um residente do Hospital das Clínicas (HC). Depois de me contar a história de Paulo resumidamente, estendeu um embrulho para mim. Logo percebi, pelo formato, que se tratava de um livro. Quando abri e li o título Pulmão de Aço, não entendi muita coisa. Como estava no final de um livro, que terminaria naquela mesma noite, já levei o Pulmão de Aço para meu criado-mudo, pois alguma coisa me disse para eu passar esse livro na frente da minha enorme lista de livros para ler em 2013.

Ainda bem que não demorei para ler. Ainda bem que ganhei esse presente. Ainda bem que Eliana teve a serenidade e a sabedoria para escrever (com a boca!!!) esse livro. Acho que nem que eu viva mil anos vou esquecer as mensagens que ficaram dessa leitura. E a principal delas só reforçou algo que eu já imaginava: por mais difíceis que sejam as provações da vida, se houver amor incondicional, apoio, suporte, nada torna-se impossível.

O caso de Eliana é ainda mais raro, porque ela conseguiu superar 36 anos numa UTI do HC, mesmo sem o suporte e o amor familiares que tanto lhe fizeram falta. Deixe-me explicar melhor.

Eliana, a autora, foi diagnosticada com Paralisia Infantil quando tionha 1 ano e 9 meses de idade. Quando o diagnóstico veio, a doença já tinha avançado e Eliana já estava paralisada completamente do pescoço para baixo. Os médicos internaram a criança, mas deixaram claro para os pais que a morte era questão de horas. Isso foi ha 34 anos e, desde então, Eliana tem o HC como sua casa e a equipe médica como sua família.

Seus melhores e únicos amigos, seis crianças internadas em situações parecidas, foram morrendo pouco a pouco. Das vitimas daquele surto de Polio, Eliana e seu amigo Paulo são os últimos sobreviventes. No livro, ela conta toda a sua vida, seus sentimentos, suas frustrações, suas aventuras e seus desejos para o futuro.

É lindo, bem escrito e extremamente tocante. Quando terminei a última página, minha vontade era sair de casa, dirigir até o HC e dar um abraço daqueles em Eliana. Além de contar sua vida, ela acaba contando a história da polio e do próprio HC, além de citar e descrever como profissionais de saúde (enfermeniros, auxiliares e médicos) podem trabalhar sem esquecer a compaixão, o amor ao próximo e a sensibilidade. Leitura mais que obrigatória! Foi para a minha seleta lista de livros favoritos.

Dicas:
1 - Antes de começar a leitura, já reserve uma caixinha de lenços e deixe-a sempre a mão. Você vai precisar.
2 - Se você tiver filhos, avise-os de que, provavelmente, você irá agarrá-los e abraçá-los mais do que o normal. :)


Sobre a autora


Eliana escreve sobre ela em seu site:

"Sou Eliana Zagui, nascida em Guariba – interior de São Paulo, no dia 23/03/1974.
  Desde um ano e nove meses de idade, moro no Hospital das Clínicas - SP, devido
  à Poliomielite (Paralisia Infantil) a qual me paralisou do pescoço para baixo,
  obrigando-me a viver 24 horas num respirador artificial.
  Vivendo e morando todo esse tempo no hospital, pude e ainda tenho oportunidades
  de aprender de tudo um pouco que uma pessoa dita "normal” é capaz.
  Aprendi a ler, escrever, pintar quadros, virar páginas de livros e revistas, teclar no
  computador, no telefone, colar adesivos e muito mais, somente com a boca".

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